quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Marcar Ir Andar Até...

Martelamos tanto na nossa cabeça querer mudar e reinventar que acabamos por nos tornar aquilo que não queríamos...Seres da rotina da nossa própria vida. Para mim acho que a forma de quebrar os meus defeitos primordiais (preguiça e rotina) é simplesmente quando me passa pela cabeça fazer uma coisa que penso que seria saudável para mim devo fazê-lo (com a mínima reflexão bem entendido...). Penso que nesta vida perdemos tempo demais a pesar as coisas e a reflectir no que podia ter sido e não foi e no que foi e poderia não ter sido. Como é lógico não sou adepto de um estilo de vida irracional e sem consequências mas vou começar a abster-me do excesso de utilização intelectual e falta de actividade física até nas atitudes. Não podemos ficar sempre parados.

Acho que devemos errar.A vida é como um exame ou como um teste...Muitas vezes só quando errava ou chumbava ou mesmo aquando de uma prova de faculdade é que me apercebia dos erros do meu estudo e de quais as minhas fraquezas em determinadas áreas.Os erros já me levaram a entender verdadeiramente o conhecimento no que toca à faculdade. Na vida acaba por ser semelhante...No fundo temos de tocar nos completos opostos negativos para nos podermos aperfeiçoar e atingir verdadeiramente a parte positiva. Não que tudo deve ser feito por tentativa-erro mas a vida já me mostrou que isso é bem verdade...

Repare-se no caso clássico da alegria e da felicidade.Alguém só é capaz de ser verdadeiramente feliz se algum dia já viveu momentos de tristeza só assim se apercebe que aqueles momentos o são de felicidade depois do sofrimento. Ou de outra perspectiva se alguém viver momentos de verdadeira felicidade sem ter sofrido antes nem os aproveitará tão bem e só se dará conta da glória e alegria que teve quando sofrer e olhar para trás...Parecem ideias um bocado repetitivas mas, na minha opinião é a realidade...A maturidade só se vai atingindo com erros de imaturidade ou até com sofrimento profundo que nos abana e nos mostra o quão firmes, sérios e fortes temos de ser...Claro que isto é um registo muito pessoal e talvez outras pessoas tenham outras percepções e tenham chegado a conclusões mais acertadas que a minha.

Isso é o que faz a vida ser tão subjectiva tanto quanto aquilo que é...Nunca sentimos da mesma forma que outra pessoa mesmo que as experiências de vida sejam muito similares... Quando alguém ou algo nos marca e nos modifica de forma tão profunda passamos muitas vezes a ser parte dela. Não sou muito metafísico nem nada dessas coisas mas reconheço que quando alguém importante nos deixa ficamos com algo dela...Pessoas. Podia divagar muito sobre aquelas que não me disseram absolutamente nada. Mas quando olho para trás eu sou aquilo que deixaram em mim.Más e boas pessoas...Todas elas me marcaram. Muito me ensinaram e continuo sempre a aprender.Aquele velho cliché mas que é bem verdade.Aprendo tanto com crianças, a forma como elas vêem as coisas de forma tão pura e inteligente. Faz-me ter fé na espécie e acreditar que a nossa espécie está a evoluir...

Acho que ainda assim me consigo surpreender com o mundo todo em geral. E digo pela positiva! Penso que já noutras alturas abordei aqui que negativamente acho que já pouco me surpreende. Prosseguindo... Quando conhecemos alguém num bar, num serviço enquanto esperamos, quando estamos para cortar o cabelo, etc. Conseguimos sentir uma empatia natural por algumas pessoas. Acaba por ser estranho que com apenas com alguma interacção tenhamos a chamada simpatia pela pessoa. Claro que isto é um bocado como meter a moeda de 1€ e rodar a máquina. Às vezes saem bolas com defeito... Mas quando não saem (estragadas) cria-se um bom sentimento. Na faculdade, por exemplo, fiz algumas amizades dessa forma, quase por geração espontânea...

Na minha vida houve aquilo a que eu gosto de chamar uma explosão de personalidade...Eu era uma pessoa extremamente envergonhada, introvertida, contida, calada,pouco sociável, etc. Com o tempo fui-me "abrindo" e tornando-me uma pessoa cada vez mais expansiva e aos poucos fui perdendo essas características e adquirindo os opostos. Às vezes penso, até que ponto isso me é benéfico...Se não ganharia mais em estar mais vezes calado...É que são tantas as vezes em que acho que sou mal interpretado que até me canso. São tantas as vezes em que acabo por vestir uma capa de alegria e boa vontade com tudo o que me rodeia que quando olho para dentro pergunto-me até que ponto ganho com isso...Não me interpretem mal (quem ler...), não é que a minha alegria e boa vontade não sejam genuínas (porque se há coisa que não me considero é hipócrita) mas talvez não me devesse expressar de forma tão efusiva com tudo. É que caso eu acorde num dia mau, é bastante mais complicado esconder esse sentimento...

Acho que muitas vezes a minha brincadeira e a minha maneira de tentar levar as coisas "a bem" e de tentar fazer piada com tudo o que me rodeia me cataloga muitas vezes de pessoa "irritante" e de pessoa que vive num mundo cor-de-rosa que acha que tudo é piada...Sinceramente, não rejo a minha vida por comentários mais ou menos críticos. Simplesmente, tento ouvir as pessoas e aquelas que me apresentam argumentos válidos eu posso ou não tê-las em conta...Mas às vezes não posso deixar de soltar um riso irónico quando alguém me diz que eu só brinco com "coisas sérias" de sexo e religião e faço piadas de humor negro porque não conheço limites sociais, porque tive uma educação errada ou porque nunca soube o que era sofrer...Eu acho que bem pelo contrário, só quem já está tão recalcado de dor e de tudo o que o rodeia é que chega a um ponto que já está farto de choros e tristezas melancólicas em que já esteve afundado que acaba por conseguir rir de si mesmo e do resto...O riso é uma defesa, é uma arma muito poderosa, é um desbloqueador, é uma provocação, o que quiserem...Mas a vida sem rir é miserável...Eu admiro muito a lógica e a racionalidade da questão...Mas muitas vezes "temos de"/"devemos" ser humanos...

Já me tinha questionado várias vezes sobre a importância que a disciplina de Filosofia teve sobre mim nos meus 15/16 anos.A forma interessante como me foi leccionada a disciplina fez com que eu ganhasse espírito crítico, aprendesse a ver as coisas pela minha cabeça e pelos meus argumentos e a não me deixar levar por opiniões "aparentemente" lógicas ou "aparentemente" verdadeiras.Este processo levou-me a conhecer novas palavras e com elas novos conceitos que sempre me apercebi estarem inseridos na sociedade.Mas estas novas palavras e novos conceitos levaram-me a reflectir...Lembro-me na altura de um capítulo que incidia bastante sobre os contrastes racional/irracional, dedutivo/indutivo, lógico/sentimental, objectivo/subjectivo...E lembro-me que andando em ressaca completa de emoções na minha vida interiorizei para mim que o melhor para se atingirem objectivos na vida era adoptar na vida uma postura mais ao nível do intelecto e tentar ser o mais pragmático possível...Esta tendência colou-se mais em mim devido à maior apetência para as ciências exactas...O que essa escolha reflectiu em mim foram bons resultados a nível intelectual sem dúvida mas a nível social reprimi muito e implodi tanto que mais tarde viria a explodir a nível pessoal como referi acima.

Uma vez que que adoptando uma postura mais defensiva na vida não corremos tanto o risco de nos expor e acabamos por não sofrer tanto era lógico que eu iria tomar uma atitude dessas. Afinal de contas, hoje teria gostado bem mais de ter sido mais como fui do que se calhar como sou agora...Dou demasiado de mim às vezes e gostava de ser mais frio e mais insensível...Não vou negar que às vezes me olho de fora com alguma incredulidade...Eu sei que demonstrar sentimentos é uma boa coisa, em determinadas situações como é lógico...Mas falando de coisas subjectivas, penso que a noite é uma má conselheira e é a pior altura do dia para se tomarem decisões...A noite, tem sem dúvida, em mim, um efeito psicológico gritante! Uma pessoa chega a baralhar-se a confundir-se e perde algum discernimento naquilo que sente ou que acha que sente.Uma vez li, que alguém disse que a noite era a pior altura do dia para se fazerem negócios porque se perdia objectividade nas decisões e a mente turvava...E não tenho qualquer dúvida disso.A noite faz-me abalar os sentidos por completo...Uma pessoa diz o que não quer, chega a achar que tem a certeza de algo quando nada disso verdadeiramente se passa...

Sinto-me uma abençoado às vezes...Não posso ser injusto e refilar contra todos os azares e infortúnios que já tive na vida.Afinal isso todas as pessoas têm...Mas quando olho para a parte positiva, já tive tantas oportunidades e continuo a ter de fazer tanta coisa e tantas escolhas na minha vida. Já conheci tanta gente que valeu a pena e continuo a conhecer...E sem querer enunciar um daqueles chavões típicos mas o que fica na nossa memória e na dos outros é a Pegada...A Pegada é a marca que deixamos em alguém que nos marcou de uma forma positiva, é a forma como somos marcados por pessoas que fazem parte do nosso trilho e nos acompanham.Dessa forma, para quê refilar com azares (e alguns deles bem grandes) que já tive?Há dias em que acordo e me sinto um completo estúpido e inútil porque tenho de aproveitar melhor as oportunidades que me são dadas e perco-me muito em coisas fúteis e sem importância...

Tenho pensado que  neste momento de "pseudo" depressão que o país atravessa por haver uma crise financeira, social e de valores (esta então é gritante) é uma óptima altura para olharmos para nós e sermos um bocadinho existenciais e pensar o que verdadeiramente somos capazes de fazer como seres humanos. De certeza que há algo de nós que é importante para alguém, ou até mesmo para nós podermos ajudar. Não nos podemos vulgarizar de forma alguma e pensar que é uma vergonha o que a sociedade nos fez de tirar um curso e termos extrema dificuldade quer em arranjar um bom emprego quer em ser bem remunerados. É uma altura para nos reinventarmos...

Outra vez regresso a mim mesmo depois desta volta pelo meu imaginário e pelas minhas ideias e divagações. A vida é feita de ciclos e temporadas e só o futuro dirá se este ciclo demorará mais que outros ou se será um pilar cimentado para o meu sempre.Demorei alguns dias até concluir esta volta na minha cabeça mas agora que termina olho para trás e consigo encontrar tantos pensamentos redundantes como outros inexplorados. Por vezes as palavras parecem poucas para descrever o que vai aqui dentro. Por vezes os pensamentos parecem vazios e as palavras acabam por preencher o pouco que pensamos ou sentimos. Mas no final de contas, são dois motores que necessitam um do outro para viver...Sem pensamentos não há palavras e se não houver palavras para dizer de pouco nos vale pensar...

Sem comentários:

Enviar um comentário