sábado, 29 de outubro de 2011

Pensatório #1

Ontem tive uma espécie de...bem não foi uma epifania mas perto de qualquer coisa que não consigo explicar.

Aqui há tempos já me tinha dado conta de que aquilo que me fazia sentir bem comigo e que me divertia já não eram as noites de álcool nem tão pouco o som desenfreado e audível (em demasia) das músicas de discoteca...Não...

Sou um confesso "cagarolas" da morte admito.É o motor que nos faz andar - a morte.Queremo-nos distrair dela e nem queremos pensar mas é um facto que vivemos tão pouco tempo que nos esquecemos de muitas vezes aproveitar a nossa viagem no nosso comboio...E enquanto segurava uma mistela de cachaça com (pouco!) açúcar dei-me conta de que o que eu procurava que me fazia completamente feliz não estava ali.Talvez num período da minha vida me interessasse mais aquele tipo de vida mas agora já não consigo achar piada.Estou a ficar velho é um facto.

Gosto de noites a jogar cartas,a jogar trivial pursuit,a jogar computador com amigos.
Gosto de ver filmes de madrugada, gosto de conversas profundas a qualquer hora do dia.
Gosto de me sentar na escuridão da minha varanda e ficar a olhar para a cidade...

E podia dizer a clássica frase dos U2 "but I still haven't found what I'm looking for" mas nem sei se é assim.Não se já encontrei ou não...

Hoje, ressacado vi um filme um bocado imbecil do ponto de vista dos meus padrões de cinema, Stardust. Mas em determinada altura fez-me pensar...Às vezes estamos ao lado de algo ou alguém que nos possa dar a felicidade e nem nos apercebemos disso...Às vezes estamos tão empenhados em seguir numa direcção que nos esquecemos de olhar para o panorama em geral...Tenho pena de não conhecer algumas pessoas que me parecem bastante interessantes...E não falo de interesse físico nem tão pouco a questão de conhecer de uma forma de ir para a cama com...Eu sei (acho) que ninguém é tão redutor mas da forma como isto anda hoje em dia já nem sei; quando se fala em interesse pega-se logo na questão do físico. Mas eu não falo disso, falo de um conhecimento profundo, daquilo que as pessoas deixam em ti, da marca que tu deixas em alguém ou que alguém deixa em ti...O sexo não é overrated não senhor, é óptimo ter um orgasmo, é sim senhor, é óptimo dar uma boa ****!Não é isso que está em causa, mas no final , quando ficamos só connosco a pensar, aquilo que nos marca verdadeiramente são ideias, ideais, traços de personalidade... E bolas como me têm marcado tantas pessoas ao longo da vida...Pessoas que eu dou graças por ter conhecido mesmo!

Um muito obrigado às pessoas que se cruzaram comigo e me fizeram bem ou me marcaram de certa forma...

3 comentários:

  1. Pois que usurpo o teu espaço para escrever algo que queria escrever no meu. E não é pensatório, é "os Pilares da Vida". E tu não imaginas o quanto vem a propósito daquilo que escreveste.
    Acho que a eterna insatisfação assiste-nos de modo particular porque, na verdade, vivemos numa geração bastante "facilitista" - apesar dos exemplos mais difíceis dos mais velhos, e as maiores dificuldades parecem tão fáceis de ultrapassar neste momento... Queres conhecer (acquaintance... mais este termo) gente, pah, vais para as redes sociais, vais para os chats - depois surgem os Facebooksons.
    Queres localizar alguém, alguma coisa, tens GPS, tens telemovel...
    E depois somos alegremente surpreendidos quando há situações que, do nada, sem ligação a internet ou GPS ou o que quer que fosse, surgem clicks... surgem raios a bater em arco-iris (diz-me que já viste esse mem senão não entendes a piada) surgem piquenas coisas que nos fazem soltar um agradável Ah! de surpresa...
    Num dos comentários que deixaste no meu blog, e sei que foi na sequência de uma brincadeira de café, falaste em tu e o Pedro (F.)* serdes os alicerces da minha "nova" vida.
    Nem te passa o quanto tens razão.
    Estamos particularmente sensibilizados por toda a "true friendship" que se criou nestes dias e há toda a aura de "início de romance"... chamemos-lhe assim para ficar perceptível mas não tem nada a ver...
    Mas faz sentido! Faz "a kind of magic" haver pessoas assim.
    ...A Maria Clementina tem uma música que diz:
    "quem me encontrar vai querer sorrir, quem me descobrir vai querer ficar"
    Gosto de achar que estou a pensar mais por aí. Cause i still haven't found what i'm looking for, mas tenho sido levada a descobrir certas coisas por me terem querido descobrir a mim.

    É só um piqueno pensamento.

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  2. Hum, acredito que te compreendo. A minha questão é, porquê o medo da morte? Medo da última experiência, do sofrimento que ela acarreta a título individual? Ou medo do que vem (ou não vem) a seguir? Eu pessoalmente seria francamente feliz se ninguém no mundo morresse excepto eu ^^. Acho que consigo lidar com a minha morte relativamente bem, uma vez que efectivamente não perco nada. Já a morte de outros... Adiante.

    Quanto à felicidade, li um texto bastante awesome, não sei onde, que ela não se atinge, vive-se por antecipação. Ou seja, és feliz quando sentes que estás a trabalhar ou a caminhar para um estado que achas q t vai deixar feliz. Um pco como a chegada do Natal quando era criança ( ou vá, daqui a um mês ) que se esperava ansiosamente e era vivida com enorme satisfação antes de sequer acontecer :). Esse texto mencionava que era por isso que a religião conseguia dar a felicidade aos crentes. Se tu acreditas que quando morrer vais ser feliz, então vives "feliz". Claro que isto levanta outras questões meta-físicas mais parvas do tipo algum de nós foi alguma vez feliz? O que é mesmo felicidade? Acho que por ser um conceito tão abstrato e tão... inumano, onírico e divino escapa-nos tanto. Não sei...

    Quanto á parte da vivência da noite e tal (repara na ordem coeerente em que sigo pelo teu post) acho que essa tua constatação só é algo que nos vem aproximar mais, eu e tu. E pode parecer arrogante ou desdenhoso de alguma forma, mas já esperava por esse dia em que tu constatasses isso :). Porque eu honestamente via-te muito mais feliz quando estavamos à conversa ou na jogatana do que simplesmente a enfrascar. É giro de onde em onde, no doubts about that, mas de facto, não é o que fica! Tal como das relações não são as ***** que ficam, mas aqueles momentos únicos, partilhados que despoletaram emoções em nós (I know I know, borderline gay-lameness)

    Cheers e gostei de ler esse post

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  3. Thanks! But the best isn't yet to come...

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